Por Leonardo Gonçalves – @clicapet
Este artigo foi motivado por uma reportagem do site G1:
“Argentina tira foto com cachorro, toma mordida, leva pontos na cara e publica imagens em rede social” (link)
O trecho abaixo foi retirado do site G1:
“Sanson afirma que pensa ter intimidado o bicho: ‘Eu o abracei, coloquei a cara muito perto do cachorro, ele ficou intimidado; é um cachorro que nunca mordeu ninguém, ele tem 10 anos, é um pouco velhinho. Foi uma reação dele, ele se sentiu invadido’ “.
O caso foi de uma moça que ao tentar fazer fotos ao lado de um cão da raça Pastor Alemão fora atacada.
Fui convidado a escrever este texto para que mais pessoas possam saber o que NÃO podem fazer. Se a jovem tivesse esse discernimento antes de aproximar do cão, o ataque não teria acontecido.
Primeiramente peço que leiam sem nenhum preconceito, pois a cada dia mais e mais doutos na criação e comportamento canino surgem no mundo virtual, pessoas que quero acreditar estarem pensando que fazem o melhor para os cães.
O problema é que esquecem um simples detalhe: OS CÃES NÃO SÃO IGUAIS!!! Temos indivíduos Ativos, Passivos e Reativos; eles não saem de uma linha de produção pré-programados; são seres que nascem com determinadas tendências e DEPENDENDO da Genética + Criação terão comportamentos A, B ou C.
Não é porque é Pastor Alemão, Yorkshire, Maltês ou qualquer outra raça que terão o mesmo comportamento. Existem sim criadores que conseguem um maior homogeneidade tanto de comportamento quanto de fenótipo, mas jamais podemos afirmar que o comportamento de um indivíduo pode exclusivamente ser determinado por ser de uma raça X. E quanto aos SRDs?
Todos devem conhecer a frase: “Não é a raça, é como se cria.”.
Essa afirmação não está totalmente certa e nem totalmente errada. Caso uma pessoa leiga (que é a maioria) decida conviver com um cão Reativo altamente dominante, e em determinado momento essa pessoa passa dos limites impostos pelo cão, limites estes que o cão já mostrou para a pessoa, mas como leiga que é não entendeu o que o cão claramente “disse”, por essa e outras tantas razões acidentes ocorrem.
Estes acidentes geralmente acontecem com cães de pequeno porte, resultando pequenas mordidas em pessoas adultas; mas quando um Pastor Alemão decide dar um “chega pra lá” em uma pessoa, o resultado não poderia ser diferente, um estrago grande.
Você pode estar pensando, “Um chega pra lá”? Sim, foi só isso que ele fez, pois se realmente ele quisesse atacar de fato, com o intuito de acabar com o oponente o fim poderia ser muito pior: a morte.
Sim, isso não é exagero. A garganta estava bem próxima da zona de ataque e não se enganem, eles sabem onde pegar.
Vou colocar alguns pontos, lembrando que não conheço o cão e tampouco estava na hora, mesmo assim podemos observar que o cão aparenta ter uma certa idade e sabemos que a jovem e o cão não conviviam, eram estranhos entre si.
Ela viu um cão bonito e como centenas de pessoas, desejou ter uma foto ao lado do grandão; e a pessoa responsável pelo cão também deve ser leiga no assunto, pois permitiu que a jovem se aproximasse sem adotar as devidas precauções:
1. Cão estranho;
2. Não devemos abraçar cães estranhos, dependendo nem os de casa;
3. Não sabemos, mas será que esse cão estava com alguma enfermidade como Otite, que deixa bem sensível a região próxima as orelhas/ouvidos?
Imagine a seguinte situação: Você está à beira da piscina curtindo, e uma pessoa estranha senta ao seu lado bem próximo a você. Não sei você, mas eu acharia estranho.
E se essa pessoa que eu não conheço, não é minha amiga, não tem intimidade alguma comigo, fosse agarrar meu pescoço? Eu daria um empurrão na hora! Por que então um cão teria que aceitar esse “ataque”? Isso mesmo, a moça assumiu uma posição ofensiva, colocando o cão em uma posição de submissão.
Várias pessoas dirão: “Eu abraço, beijo, aperto meu cão, coloco no braço etc…” Sim, VOCÊ faz isso com SEU cão, um animal que convive com você, que bem ou mal você sabe o que ele aceita ou não.
O problema é outras pessoas verão esses comportamentos nas redes sociais e acharão que poderão replicar com todos os cães. Farão uma vez e talvez não tenham nenhum problema. Aí, esse comportamento será replicado até o dia em que talvez aconteça um “ataque”.
A pergunta é: por que não aprender sobre os sinais que o cão está dando?
Você sabia que a maioria das vezes que um cão boceja ele está dizendo que não está gostando de determinada situação e quer sair dali?
Virar a cabeça, olhar de cantinho, colocar as orelhas pra trás ou para o alto, movimentação de cauda, boca aberta ou fechada; estes são apenas algumas formas do cão passar o que ele quer ou não.
Por fim: para nós fotógrafos, entender o que o cão está dizendo é importante, pois ajuda a conduzir a sessão; saber se você está muito perto, deixando o cão com um posicionamento corporal feio, pois está retraído, carpeado, trêmulo etc.
E também para saber orientar nosso cliente sobre o que fazer com o dog, para ele relaxar e clicarmos lindas fotos.
Bem, o assunto é muito vasto e sei que a maioria das pessoas desconhecem a maneira correta de criar cães, por isso recebo mais de 30 ligações por semana; todas relacionadas a problemas de comportamentos criados em 100% das vezes pelos humanos, justamente por não saberem como se comunicar com os cães.
Espero ter aguçado a sua curiosidade!
Sou Leonardo Gonçalves, fotógrafo e adestrador há mais de 20 anos; fui criador de cães, mas atualmente não estou mais criando.
www.leofotoart.com.br
Instagram: @ClicaPet
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